segunda-feira, 26 de setembro de 2011

CRÔNICAS DO PROFESSOR AFFONSO SANTA ROSA

Saudade do passado

         Quando começamos a envelhecer, iniciamos, também, o processo da saudade, dos tempos idos das lembranças. É sinal , talvez, que estejamos dando passos para o que chamam de eternidade.
          A idade vai chegando, passamos a meditar mais, parece até que estamos no advento de um outro mundo.
          Há anos, por volta de 1972, lancei, no Rio de Janeiro, um livro na livraria São José, no Rio de Janeiro, chamado “O Artesão” (experiência Poética) e acabei pinsando o poema “Infância” que me leva ao passado e tenho a certeza que os da minha época sentirão também um aperto no peito.

INFÂNCIA
Na memória os tempos da infância.
As manhãs na minha casa, mamãe no Canto da cozinha e o fogo abanando,
Nosso quintal tão bem varrido,
O mamoeiro proporcionava alegria a mim e aos passarinhos.

Lembro também do meu pai,
Livro e mais livro sob o braço,
Atendendo às suas aulas,
Na casa velha transformada em colégio,
Onde poucos sôfregos corriam a estudar.
A alvorada de sanhaçus nas figueiras.
E no fim do entardecer
Meu avô, como o vejo na butica,
A atender sem cessar,
Farmacêutico e médico do povo.

Lembro-me ainda do meu avô,
Já sentindo o tempo,
Preparando lá no fundo,
Xaropadas-Invenções curativas,
Para sanar a dor e o infortúnio.

Da morte do meu avô, presente na memória,
Morreu de tanto atender à dor,
Dor de todos, dor da vida.
Não me lembro de mais nada.

Será que é bom sentir saudades?





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